terça-feira, 12 de maio de 2009

Final de 1994.

Um hábito de muita gente, muitas mães: passar as manhãs de sábado no centro de Curitiba com seus filhos, almoçar em algum restaurante agradável da Praça Osório, curtir um cineminha no início da tarde e um lanchezinho pra criançada antes de rumar para suas casas.
Minha filha tinha então três anos – uma fada com esvoaçantes cabelos encaracolados e absolutamente espontânea como só na infância somos.
Aguardávamos o horário de um filme infantil, ambas empanturradas de guloseimas das barraquinhas. Decidimos brincar no parquinho da praça.
Africanos, europeus e “curitibanos” (Curitiba é, na minha concepção um país) disputavam uma divertida partida de basquete.... E eu, claro, me distraí com as jogadas, enterradas, dribles.... por trinta segundos e, minha filha desapareceu.
Nós mães sabemos: pânico, uma vertigem terrível (mas não podemos desmaiar, temos que agir) .... três segundos em que o cérebro se enche de adrenalina. Subi no banco em que estava sentada e trincando os dentes girei sem respirar.
Um grupo animado de ciganos agitados entraram no foco da minha visão – as roupas coloridas, o riso e o brilho das jóias. Eles estavam agrupados em um quase círculo observando duas menininhas que dançavam e se abraçavam, tocando com as mãozinhas miúdas os cabelos uma da outra, tão diferentes. Ai, que alívio – uma delas era a minha Alicinha. Quando me aproximei ela segurava uma pulseira dourada na mão – “olhe mamãe – que lindo, ela me deu..”_ tirou o anel que ganhou de aniversário e estendeu para a ciganinha me olhando: “posso, mãe?”. Eu assenti perguntando: “o papai dela permite?” – ouvi vários “permite, permite”.
Nosso filme já estava para começar e lá fomos nós – com uma lembrança tão bonita da praça, e que guardamos junto com uma pulseirinha dourada.

Por Mariza Prux.

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