quinta-feira, 28 de maio de 2009
Que desafio!
Até a chuva resolveu dar uma trégua. Ao som de uma seleção musical no mínimo exótica, que incluía de axé e tema de novela a Jackson 5, centenas de pessoas se sacudiram dia adentro em plena Praça Osório. Motivo: o Dia do Desafio. E que desafio, com direito a friozinho de outono e calçadas completamente encharcadas. Mesmo assim eles pularam como se fosse carnaval. Enquanto alguns soltavam a franga, outros observavam desconfiados. Pois é, quanta animação! Mas por que não?
terça-feira, 26 de maio de 2009
sexta-feira, 22 de maio de 2009
O oásis
Parece até um oásis em meio ao caos do centro da cidade. Com direito a pássaros cantando e ao barulhinho da água caindo do infinito trajeto do chafariz. A Praça Osório é um dos poucos lugares que conseguiram resistir ao tempo e preservaram a sua beleza natural. Em pleno centro de Curitiba, ano 2009, aqui ainda encontramos heróicas 411 árvores sobreviventes. Dá até para perder a conta.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
O pipoqueiro solitário
O movimento já não é mais tão intenso. A concorrência, antes inexistente, hoje é quase sufocante. A multidão apressada passa sem notar o pipoqueiro, que ocupa exatamente o mesmo lugar há tantos anos. Mas mesmo assim, mesmo com todas as mudanças, ele continua lá. Todos os dias veste sua camisa branca, sua calça bem passada e seus sapatos lustrados. Todos os dias ele acorda cedo e leva seu carrinho àquele exato lugar, mesmo que agora a sua maior companhia talvez seja a distante voz vinda do celular.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Cartomancia extraterrena
– O que é, o que é? Um pontinho roxo na Praça Osório?
– Hmmm, não sei.
– É a Sulamita.
– Sulamita? Quem é essa?
– Aquela mulher que vê o futuro. Que tá sempre com um radinho rosa na orelha.
– Tá errado!
– Por quê?
– Porque ela não tem mais o cabelo roxo. Agora é amarelo.
– Tem certeza?
– Tenho sim. Ontem mesmo passei por lá com minha mãe e lá estava ela de cabelo amarelo. Minha mãe até consultou com ela.
– É? E como foi?
– Ah, minha mãe não me contou, né. É coisa lá dela. Eu fiquei só olhando, prestando atenção na Sulamita, em suas mãos cheias de anéis, sua roupa florida. Ela me olhava de vez em quando com o canto do olho e dava um sorrisinho. Daí, ela pediu pra minha mãe fechar os olhos e pensar não sei no quê. Foi aí que eu vi uma coisa muito estranha.
– Estranha? O quê? Me conta!
– Ela pegou o radinho rosa, que estava na mesinha, com um braço que saiu das costelas dela, debaixo do braço esquerdo, e encostou-o com cuidado na orelha, inclinando um pouquinho a cabeça, como se estivesse repousando a cabeça num travesseiro bem macio. Fechou os olhos. Pude ouvir uns ruídos estranhos, vozes falando outras línguas que nunca ouvi antes. Não era inglês, nem espanhol.
– Uia!
– Fiquei arrepiada. As flores da roupa dela pareciam se mexer. Algumas flores pareciam sair da roupa dela. Cocei os olhos pra ver se não estava viajando.
– Ai! Você tá me deixando com medo.
– Ela estava com um sorrisão no rosto. Dava a sensação de que aquilo que ela estava ouvindo e sentindo era muito bom.
– Ai! Será que ela é uma alien?
– Não sei. Só sei que ela fez isso tudo na minha frente. E que foi muito rápido. Ela disse pra minha mãe abrir os olhos, fez um leque com cartas de baralho na mesinha, virou algumas, não sei quantas. Daí, falou alguma coisa pra minha mãe que a deixou com
os olhos arregalados, meio alegre, meio ansiosa.
– Acho que vou começar a descer no outro ponto de ônibus pra vir pra escola.
– Minha mãe pagou a mulher e fomos embora. Como é o nome dela mesmo?
– Sulamita.
– Você contou pra sua mãe o que você viu?
– Eu tentei e não consegui. Minha língua parecia que estava travada. Dei uma olhadinha pra trás e vi a mulher me olhando, como se estivesse esperando que eu olhasse pra ela. Agora acho que parecia que o cabelo dela estava mudando de cor, de amarelo pra verde. Ela deu uma piscadinha pra mim e deu uma risada bem alegre enquanto ouvia uma música sertaneja no radinho rosa, bem de pertinho.
por F.F. Targa
– Hmmm, não sei.
– É a Sulamita.
– Sulamita? Quem é essa?
– Aquela mulher que vê o futuro. Que tá sempre com um radinho rosa na orelha.
– Tá errado!
– Por quê?
– Porque ela não tem mais o cabelo roxo. Agora é amarelo.
– Tem certeza?
– Tenho sim. Ontem mesmo passei por lá com minha mãe e lá estava ela de cabelo amarelo. Minha mãe até consultou com ela.
– É? E como foi?
– Ah, minha mãe não me contou, né. É coisa lá dela. Eu fiquei só olhando, prestando atenção na Sulamita, em suas mãos cheias de anéis, sua roupa florida. Ela me olhava de vez em quando com o canto do olho e dava um sorrisinho. Daí, ela pediu pra minha mãe fechar os olhos e pensar não sei no quê. Foi aí que eu vi uma coisa muito estranha.
– Estranha? O quê? Me conta!
– Ela pegou o radinho rosa, que estava na mesinha, com um braço que saiu das costelas dela, debaixo do braço esquerdo, e encostou-o com cuidado na orelha, inclinando um pouquinho a cabeça, como se estivesse repousando a cabeça num travesseiro bem macio. Fechou os olhos. Pude ouvir uns ruídos estranhos, vozes falando outras línguas que nunca ouvi antes. Não era inglês, nem espanhol.
– Uia!
– Fiquei arrepiada. As flores da roupa dela pareciam se mexer. Algumas flores pareciam sair da roupa dela. Cocei os olhos pra ver se não estava viajando.
– Ai! Você tá me deixando com medo.
– Ela estava com um sorrisão no rosto. Dava a sensação de que aquilo que ela estava ouvindo e sentindo era muito bom.
– Ai! Será que ela é uma alien?
– Não sei. Só sei que ela fez isso tudo na minha frente. E que foi muito rápido. Ela disse pra minha mãe abrir os olhos, fez um leque com cartas de baralho na mesinha, virou algumas, não sei quantas. Daí, falou alguma coisa pra minha mãe que a deixou com
os olhos arregalados, meio alegre, meio ansiosa.
– Acho que vou começar a descer no outro ponto de ônibus pra vir pra escola.
– Minha mãe pagou a mulher e fomos embora. Como é o nome dela mesmo?
– Sulamita.
– Você contou pra sua mãe o que você viu?
– Eu tentei e não consegui. Minha língua parecia que estava travada. Dei uma olhadinha pra trás e vi a mulher me olhando, como se estivesse esperando que eu olhasse pra ela. Agora acho que parecia que o cabelo dela estava mudando de cor, de amarelo pra verde. Ela deu uma piscadinha pra mim e deu uma risada bem alegre enquanto ouvia uma música sertaneja no radinho rosa, bem de pertinho.
por F.F. Targa
terça-feira, 12 de maio de 2009
Histórias da praça...
Na década de 70, o artista plástico paranaense Rogério Dias foi colaborador de algumas agências de publicidade, entre elas a extinta Lê Système, que tinha como diretor de criação o publicitário Roberto Fonseca. A principal conta da agência, na época, era das lojas Magazin Avenida e Natazzo, pertencentes à mesma organização. A Natazzo situava-se na Praça Osório, local que inspirou uma das mais importantes campanhas feitas para a loja na época, que tinha como tema: “Atravesse a selva tropical”. A idéia era, segundo o artista, fazer as pessoas atravessarem a praça, que na época já era bastante arborizada, para comprar na Natazzo. Para Rogério, a campanha, inspirada pela Praça Osório, vai ficar para sempre na lembrança.
Uma outra história ocorrida na Praça Osório que ficou na lembrança de Rogério Dias foi uma ocasião, também na década de 70, em que a Prefeitura de Curitiba estava cortando algumas árvores do local. Rogério, que era amigo de uns dos pioneiros em fotografia publicitária da cidade, Dico Kremer, achou que seria interessante fazer um registro, avisou sobre o corte de árvores e o fotógrafo foi até o local para fazer uma filmagem, que pode estar guardada no arquivo pessoal dele.
por Isadora Hofstaetter.
Uma outra história ocorrida na Praça Osório que ficou na lembrança de Rogério Dias foi uma ocasião, também na década de 70, em que a Prefeitura de Curitiba estava cortando algumas árvores do local. Rogério, que era amigo de uns dos pioneiros em fotografia publicitária da cidade, Dico Kremer, achou que seria interessante fazer um registro, avisou sobre o corte de árvores e o fotógrafo foi até o local para fazer uma filmagem, que pode estar guardada no arquivo pessoal dele.
por Isadora Hofstaetter.
Final de 1994.
Um hábito de muita gente, muitas mães: passar as manhãs de sábado no centro de Curitiba com seus filhos, almoçar em algum restaurante agradável da Praça Osório, curtir um cineminha no início da tarde e um lanchezinho pra criançada antes de rumar para suas casas.
Minha filha tinha então três anos – uma fada com esvoaçantes cabelos encaracolados e absolutamente espontânea como só na infância somos.
Aguardávamos o horário de um filme infantil, ambas empanturradas de guloseimas das barraquinhas. Decidimos brincar no parquinho da praça.
Africanos, europeus e “curitibanos” (Curitiba é, na minha concepção um país) disputavam uma divertida partida de basquete.... E eu, claro, me distraí com as jogadas, enterradas, dribles.... por trinta segundos e, minha filha desapareceu.
Nós mães sabemos: pânico, uma vertigem terrível (mas não podemos desmaiar, temos que agir) .... três segundos em que o cérebro se enche de adrenalina. Subi no banco em que estava sentada e trincando os dentes girei sem respirar.
Um grupo animado de ciganos agitados entraram no foco da minha visão – as roupas coloridas, o riso e o brilho das jóias. Eles estavam agrupados em um quase círculo observando duas menininhas que dançavam e se abraçavam, tocando com as mãozinhas miúdas os cabelos uma da outra, tão diferentes. Ai, que alívio – uma delas era a minha Alicinha. Quando me aproximei ela segurava uma pulseira dourada na mão – “olhe mamãe – que lindo, ela me deu..”_ tirou o anel que ganhou de aniversário e estendeu para a ciganinha me olhando: “posso, mãe?”. Eu assenti perguntando: “o papai dela permite?” – ouvi vários “permite, permite”.
Nosso filme já estava para começar e lá fomos nós – com uma lembrança tão bonita da praça, e que guardamos junto com uma pulseirinha dourada.
Por Mariza Prux.
Minha filha tinha então três anos – uma fada com esvoaçantes cabelos encaracolados e absolutamente espontânea como só na infância somos.
Aguardávamos o horário de um filme infantil, ambas empanturradas de guloseimas das barraquinhas. Decidimos brincar no parquinho da praça.
Africanos, europeus e “curitibanos” (Curitiba é, na minha concepção um país) disputavam uma divertida partida de basquete.... E eu, claro, me distraí com as jogadas, enterradas, dribles.... por trinta segundos e, minha filha desapareceu.
Nós mães sabemos: pânico, uma vertigem terrível (mas não podemos desmaiar, temos que agir) .... três segundos em que o cérebro se enche de adrenalina. Subi no banco em que estava sentada e trincando os dentes girei sem respirar.
Um grupo animado de ciganos agitados entraram no foco da minha visão – as roupas coloridas, o riso e o brilho das jóias. Eles estavam agrupados em um quase círculo observando duas menininhas que dançavam e se abraçavam, tocando com as mãozinhas miúdas os cabelos uma da outra, tão diferentes. Ai, que alívio – uma delas era a minha Alicinha. Quando me aproximei ela segurava uma pulseira dourada na mão – “olhe mamãe – que lindo, ela me deu..”_ tirou o anel que ganhou de aniversário e estendeu para a ciganinha me olhando: “posso, mãe?”. Eu assenti perguntando: “o papai dela permite?” – ouvi vários “permite, permite”.
Nosso filme já estava para começar e lá fomos nós – com uma lembrança tão bonita da praça, e que guardamos junto com uma pulseirinha dourada.
Por Mariza Prux.
terça-feira, 5 de maio de 2009
Osório e sua trupe
Estamos em frente à fonte da Praça Osório. Lá está o busto do Marechal Manoel Luis Osório, imponente como se espera de um herói de guerra que fez história em batalhas como a Farroupilha e a Cisplatina. Mas o que pouca gente vê é que o Marechal não está sozinho. Nem um pouco sozinho, aliás. Isso porque, além das milhares de pessoas que cruzam a praça todos os dias, sete outros heróis brasileiros dividem o espaço com Osório. Entre o poeta Emiliano Pernetta, o ex-presidente Tancredo Neves e o músico Raul Menssing, estão outros quatro senhores respeitavelmente não identificados. Alguém tem um palpite?
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